Só é ser humano quem sabe sentir o amor. Não importa as palavras, mesmo aquelas, que nos fazem pensar e nos deixam a reflectir sobre as inconstantes da vida que tanto nos atormentam nos grandes apertos, que se adjectivam pelo sofrimento. Não é os conhecimentos, que adquirimos ao longo do curto espaço de tempo que tanto designam por vida, que faz nós filhos de Homem. Não são os olhares observadores, que tanto criticam qualquer um que passe na mira do felino. Não são os olhares, que, minuciosamente, relatam a vida dos outros percorrendo ouvidos e bocas. Não são as grandes e numerosas amizades que faz de nós importantes, que faz de nós as pessoas mais importantes onde se tem contactos para tudo que precisarem e, até mesmo, abusar da santa paciência. Não importa a riqueza, o dinheiro, o esterco que tanto interesse provoca naqueles que ambicionam ter uma vida melhor, melhor qualidade de vida. A isso chamo esterco que cheira mal, sim, porque há esterco que cheira bem…
Não é ter um belo emprego, uma bela casa e filhotes e cães que se constrói o ser humano exemplar, não é um casamento feliz que provoca a vida que tanto se promete no matrimónio. Não é por não ser racista que nos torna dignos de tal cargo, ou até mesmo negar ao preconceito. Não é ter amigos chineses, uns menos brancos que outros, ou até mesmo amigos que amam da mesma maneira mas apaixonam-se pelo mesmo par de mamas ou pela mesma barba na benta.
Não é por ser natural, simples sem complexos e sem feitios. Não é por ser famoso até mesmo milionário e famoso que faz o indivíduo o ser mais desejado do planeta.
Não, não é por ser homem ou mulher que reside a diferença. Não é pela pureza e mistério… até que de mistério a virtude não possui.
Não é por chorarmos, ou por sermos mais sensíveis que faz de nós humildes e ingénuos. Não por sermos fortes, no qual ninguém lhes pisa…
Não é por ser criativo, original, humilde, corajoso, perspicaz, bondoso, audaz, digno que o homem atinge a tal título.
Mas afinal? O que será necessário? Ser humano é não ser ninguém?
Não, ser humano é sentir, é sentir tudo que é!
É sentir orgulho, é sentir o olhar, é sentir as palavras que declamam, é sentir amor pelo prazer de adquirir conhecimentos, é de sentir o esforço cravado na espinha de atingir uma vida melhor, é sentir o sofrimento, o mesmo que as nossas mães sentiram quando nos pariram.
É recordar o passado, sentir o presente e sentir a ambição de um futuro esperançoso.
É sentir o amor pelos amigos, é sentir amor pelos pais, é sentir quem realmente somos sem farsas e máscaras.
Desde o primeiro momento que olhámos a luz do dia até ao último luar reflectido no nosso olhar, somos ser humanos quando sorrimos para a partida com orgulho dos que ficaram, do que construímos e de ir sempre com a ideia de que o que avistarmos dali para a frente o fá-lo-emos através dos sentidos, pois na vida ouve-se o sofrimento que carregamos aos longos passos de vida que caminhámos, saboreia-se os frutos que se colhe nas nossas aventuras e reconhecimentos, fruto do conhecimento, olha-se aos dissabores da vida, toca-se o que de nós foi construído e cheira-se o arrependimento e orgulho que assinam a vida traçada pelo amor deveras sentido.
Rui Vilarinho